Copa do Mundo: quais os impactos no comércio exterior?
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A inflação se tornou um assunto bastante comentado em 2022 com a alta nos preços de produtos básicos. Vivemos um momento de grande taxa de desemprego, encarecimento de produtos e serviços e alta competitividade no mercado de trabalho que se desencadeou durante a pandemia. Isso significa reajustes salariais, de contrato, aluguéis, taxas e juros. Mas e no comércio exterior, como a inflação pode impactar as importações e exportações?
O mercado livre internacional e as relações internacionais entre países impactam diretamente a variação de preços. Isso pode ser observado no aumento dos preços do barril de petróleo e na instabilidade gerada pela guerra na Ucrânia, que impulsionou o encarecimento contínuo deste produto.
O Brasil não é o único país que tem enfrentado altas nos preços das mercadorias. Os Estados Unidos e a União Europeia também estão registrando recordes nas taxas de inflação, o que também impacta os preços brasileiros. Ou seja, há diversos elementos envolvidos na alta ou na baixa da inflação e o Comércio Exterior tem um papel ativo na sua variação.
A inflação nada mais é que o aumento dos preços de produtos e serviços de um país e é calculada pelos índices de preços calculados por fontes oficiais públicas e privadas. O principal indicador é o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), aplicado na variação dos produtos que vão às prateleiras dos mercados, pois estima o preço da “cesta de produtos e serviços” que reflete os hábitos de consumo das famílias brasileiras que recebem de 1 a 40 salários mínimos.
Outro índice bastante utilizado e que impacta contratos e serviços fundamentais, como água, luz e telefone, é o IGP-M, calculado pela Fundação Getúlio Vargas. O aumento ou a diminuição (conhecida como deflação) pode acontecer por diversos motivos, os quais o Banco Central do Brasil elenca de acordo com os grupos: pressões de demanda; pressões de custos; inércia inflacionária e expectativas de inflação.
A variação de preços é um processo natural do sistema econômico e quando acontece de forma controlada e balanceada ao longo do tempo, e acompanhando os reajustes anuais dos salários mínimos, não é prejudicial à população.
O problema se encontra em momentos de instabilidade econômica mundial e internacional, quando ocorre o crescimento desequilibrado do índice de inflação.
Já a redução nos preços gerais (deflação) pode implicar em prejuízos aos negócios que precisam reduzir custos, escala e produção e, em casos mais graves, cortar funcionários.
A principal razão que afeta o comércio exterior é a desvalorização da moeda nacional – em relação ao dólar americano – o que aumenta os custos de importação tanto para itens de revenda no varejo, quanto para a indústria na obtenção de matérias primas.
A inflação descontrolada impacta fortemente nas importações. As operações ficam extremamente desfavoráveis em casos de desvalorização da moeda, encarecimento das commodities e perda do poder de compra dos cidadãos.
Nesses casos, para equilibrar a balança internacional e atender à demanda interna, principalmente da indústria, é preciso adotar estratégias mais enxutas, com cortes de custos e volumes. Existe também um impacto direto dos impostos nessas operações.
De acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), “o boletim informa que as exportações brasileiras aumentaram, em valor, 19,4% entre março de 2021 e de 2022. Já as importações crescem 21,5% na mesma base de comparação”.
As exportações acabam passando a ter um cenário bem mais favorável dada a valorização do dólar americano. Como fornecedor expoente de commodities ao mercado internacional, esse setor do nosso Comércio Exterior é o responsável por equilibrar a balança internacional com outros países. Por outro lado, a inflação encarece processos com fornecedores, fretes, taxas e fluxo de envio de mercadorias.
Ainda segundo a FGV, “a análise por volume mostra um movimento inverso, com expansão de 0,9% no que é vendido e recuo de 7% no que é comprado de outros países”, no período entre 2021 e 2022. O petróleo e seus derivados tiveram um aumento de 71% no preço das importações, superando o aumento nos preços para venda (25%), mas a balança comercial brasileira ainda apresentou um saldo positivo de US$3,7 bilhões.
Quando o real é desvalorizado, as moedas estrangeiras passam a apresentar um valor maior que as unidades da nossa moeda. Mas também pode acontecer da moeda brasileira valorizar e o preço das moedas estrangeiras ficarem mais baratas em relação à unidade do real. Esse é o câmbio.
A valorização e a desvalorização da nossa moeda pode ocorrer por inúmeros motivos, como instabilidades políticas, conflitos diplomáticos, eleições, perda de confiança por parte de investidores etc. E cada um desses efeitos possui uma relação causal com os processos de importação e exportação.
Quando há desvalorização cambial (o que acontece nos dias de hoje), as compras no exterior ficam mais caras e o cenário para o aumento das importações faz mais sentido. Quando o real sobe, ou seja, fica valorizado, a relação muda e os produtos exportados ficam mais caros, obrigando os compradores de outros países a reduzirem os pedidos e os custos – e a nacionalização de produtos industrializados e matérias primas ganham destaque.
Em períodos de alta na inflação é natural o governo adotar medidas excepcionais e pontuais para limitar o aumento nos preços dos produtos. Umas das mais comuns são a redução e a isenção de impostos de importação.
A redução de impostos estimula as negociações com fornecedores nacionais e pode influenciar positivamente o preço da produção interna. Há também um incremento nas projeções do PIB do país. Com as medidas tomadas em 2022, por exemplo, a expectativa do Ministério da Economia é de R$ 533,1 bilhões acrescentados ao PIB brasileiro até 2040.
Em compensação, há impactos na arrecadação e na dívida pública. As mesmas medidas tomadas em 2022 deixarão de arrecadar R$ 3,7 bilhões aos cofres públicos. Os economistas especialistas veem poucos efeitos práticos nos preços dos produtos e no incentivo ao mercado interno.
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