Copa do Mundo: quais os impactos no comércio exterior?
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Segundo a Confederação Nacional da Indústria, 3 a cada 5 empresas que exportam ou importam mercadorias foram afetadas pelo atual cenário do mercado marítimo internacional. O aumento do custo do frete internacional foi o principal problema para as operações do comércio exterior.
83% das exportadoras e 71% das importadoras brasileiras precisaram suspender ou postergar algum embarque. Mas o aumento do frete não é o único problema, visto que passamos por algumas dificuldades na logística mundial devido à guerra na Ucrânia, resquícios da pandemia pela Covid-19 e problemas diplomáticos entre China e Taiwan.
Segundo a Gerente de Comércio e Integração Internacional da CNI, Constanza Negri, “o mundo ainda sente os efeitos da desorganização do transporte marítimo, que sofreu uma reação em cadeia devido ao fechamento de portos em mercados importantes, com consequente retenção de navios e de contêineres. Esse desequilíbrio levou ao aumento de preços, que ainda persistem e se somaram aos desafios estruturais de competitividade do comércio exterior brasileiro”.
Um levantamento da CNI sobre os efeitos da crise logística desencadeada pela Covid-19 no Brasil e nas principais rotas de navegação mundiais mostra que o custo médio de transporte de um contêiner no mercado marítimo global ficou próximo de US$ 10 mil nos últimos meses, valor 7 vezes maior do que anterior à pandemia.
Toda essa conjuntura criou um cenário de alta disputa por navios e contêineres, elevando a demanda e, consequentemente, o preço do frete. O aumento do custo foi o principal problema enfrentado pelas empresas, impactando 92% das exportadoras e 95% das importadoras.
Constanza Negri afirma que “no caso do Brasil, a indisponibilidade de contêineres pode ser mais agravada em função da baixa eficiência aduaneira-portuária, pelo fato de o país estar distante das principais rotas de navegação e movimentar apenas 1% do fluxo global de contêineres”.
A falta de contêineres é considerado o segundo maior empecilho nas operações de exportação, segundo 80% das empresas entrevistadas. Em terceiro lugar, está a indisponibilidade de navios ou de espaço nas embarcações, junto do cancelamento/omissão dos embarques programados, de acordo com 76% das exportadoras impactadas.
Já nas operações de importação, os problemas que mais abalam os negócios são a baixa oferta de navios disponíveis ou de espaço nas embarcações, seguido da falta de contêineres, afetando 7 a cada 10 empresas consultadas.
Os primeiros meses de 2022 registraram uma retração no custo médio de importação da Ásia para o Brasil. Essa diminuição nos preços revela uma adaptação de demanda e oferta de capacidade de transporte na rota.
Entretanto, os efeitos do lockdown nos portos chineses, com destaque para Xangai, piorou as condições do mercado na navegação internacional, revertendo a baixa de valores, que em julho deste ano ultrapassou a marca de US$ 10 mil por contêiner de 40 pés.
Segundo a CNI, “as rotas vinculadas ao Brasil sofrem os efeitos da demanda por embarcações e dos atrasos nos portos dos principais fluxos globais de navegação”. O especialista em Infraestrutura da CNI, Matheus de Castro, comenta: “Isso explica a queda no início do ano nos valores do frete de importação com origem na Ásia, ao mesmo tempo em que se verificou um aumento nos fretes de exportação partindo do Brasil, especialmente para os portos dos Estados Unidos”.
Diante de todo o contexto de escassez de navios e contêineres, muitas empresas brasileiras se viram obrigadas a suspender ou adiar embarques de mercadorias com maior frequência. 73% das importadoras recorreram às medidas, enquanto que nas exportadoras esse valor sobe para 81%.
As empresas exportadoras e importadoras ainda relataram descumprimento de contratos, alteração da modalidade de embarque e cobranças adicionais sobre o uso dos contêineres.
Muitas empresas registraram uma piora nas condições e relações com os seus mercados mais relevantes. Em comparação com 2021, as empresas exportadoras brasileiras relataram uma piora com Canadá/Estados Unidos (73%), Europa (69%) e China (66%), devido ao aumento no custo do frete quando comparado aos valores pré-pandemia.
Ainda segundo a CNI, “novos fatores intensificaram as questões da logística global. O outro lockdown ocorrido em Xangai afetou ainda mais as linhas comerciais com a Ásia, enquanto o conflito entre a Rússia e a Ucrânia suspendeu rotas com origem e destino para esses dois países”.
Foi registrado por um quarto das exportadoras um crescimento superior a 500% em relação a operações com o mercado norte-americano e por um quinto das que trabalham com o mercado latino-americano. Quanto às importadoras, “o percentual de empresas que perceberam aumento acima de 500% foi maior no caso de mercadorias originárias da China (23,9%). Em seguida, vem o frete originário na Ásia (19,6%), com exceção da China”.
Segundo especialistas do segmento, a melhora no mercado de navegação brasileiro ainda depende da solução logística nas principais rotas globais, o que acontecerá, apenas, a partir de 2023.
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