Os navios representam hoje a oitava maior fonte de emissão de CO2 do planeta, correspondendo a 3% do total de Gases do Efeito Estufa (GEE) lançados na atmosfera.
Eles emitem menos CO2 do que outros tipos de transporte, como o rodoviário, por exemplo, mas por se tratarem de um modal muito utilizado, acabam representando uma importante contribuição para a poluição e as mudanças climáticas.
Atualmente, mais de 90% das exportações do planeta são realizadas pelo modal marítimo. Em função disso, os navios vêm sendo objeto de estudo para a implementação de alternativas em seus combustíveis e formas de operação, visando reduzir as emissões provocadas pelo transporte de mercadorias pelo mar.
A Organização Marítima Internacional (IMO) tem como meta a redução das emissões em pelo menos 50% até o ano de 2050, e para isso, vem criando estratégias e traçando ações para atingir esse objetivo.
Entre elas estão as limitações da presença de enxofre no combustível dos navios, e a escala de classificação de eficiência energética dos navios, que vai de A a G, sendo ‘A’ para navios com menor impacto ambiental e ‘G’ para navios com o maior impacto – algo bastante parecido com o que vemos atualmente nas geladeiras e eletrodomésticos.
O que é impacto ambiental neutro?
No mundo atual, os consumidores estão cada vez mais conectados e interessados nos impactos provocados pela cadeia relacionada aos produtos e serviços que consomem.
Ser uma empresa com impacto ambiental neutro significa reduzir ao mínimo possível a emissão de CO2 e gases do efeito estufa que podem ser prejudiciais ao meio ambiente, buscando compensar – de diversas maneiras – todas aquelas emissões que não forem possíveis de ser evitadas.
O que é descarbonização?
A descarbonização é a redução das emissões de Dióxido de Carbono (CO2) na atmosfera com o objetivo de alcançar a chamada neutralidade climática, menores índices de poluição e um menor impacto da vida em sociedade sobre o meio ambiente.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que cerca de 7 milhões de pessoas morrem no mundo por ano em função da poluição.
Ela pode ser realizada por meio do uso de formas alternativas de produção de energia (como por exemplo os carros elétricos ou equipamentos movidos a energia solar e eólica), e também por meio da compensação do carbono emitido, ou seja, o famoso “carbono neutro”.
Com relação às operações de comércio exterior, a chamada descarbonização do transporte é, há muitos anos, um objetivo crescente de instituições e órgãos mundiais. Isso porque eles respondem sozinhos por cerca de 20% das emissões de gases do efeito estufa na atmosfera globalmente.
Ela também vai de encontro aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), sugeridos pela ONU em 2015 a todos os seus países membro.
Tratam-se de ações e metas que devem ser cumpridas até 2030 em esforço conjunto entre países, empresas, instituições e sociedade civil para alcançar uma agenda de desenvolvimento mais sustentável ao planeta.
Como evitar emissão de CO2 em navios?
Por meio do IMO 2023, a Organização Marítima Internacional pretende reduzir os impactos da atividade mercantil marítima no planeta. De acordo com as novas regras, que entram em vigor a partir do dia 1º de janeiro de 2024, todos os navios serão obrigados a calcular seu Índice de eficiência Energética e realizarem a coleta de dados para a composição de um relatório anual publicado pela organização sobre a emissão de CO2 nas operações de transporte de cargas pelo mar.
Assim, as empresas que possuem navios com classificação energética nos níveis D e E precisarão realizar adaptações em suas operações visando reduzir o nível de emissões, diminuindo suas velocidades, ou renovando suas frotas para garantir um impacto ambiental mais neutro.
Segundo a Organização, se nada for feito, até 2050 as emissões poderão aumentar entre 90% e 130%.
Navios elétricos
Outra forma de evitar as emissões de carbono na atmosfera por meio do transporte de cargas marítimas é o desenvolvimento de frotas de navios elétricos.
Os protótipos são muitos, e vêm sendo promovidos por diversos atores do transporte de cargas há muitos anos, mas até agora, nenhuma empresa conseguiu realmente entregar um projeto que apresente ótima aplicabilidade e capacidade de escalabilidade de produção.
A mais recente das experiências é um navio empurrador na Holanda, totalmente elétrico, que transportará grãos de cacau da do Porto de Amsterdã para a fábrica da Cargill em Zaandam, na Holanda. A expectativa é de que o navio elimine a emissão de 190.000kg de CO2 por ano, o que seria equivalente a mais de 15 mil viagens nesta mesma rota por meio de caminhões.
Em 2021, a Noruega inaugurou também o seu primeiro navio de carga totalmente elétrico e autônomo, o Yara Birkeland, com zero emissões, equipado com sensores e integração para operação remota, sistemas de propulsão elétrica, baterias e controle. O navio, que opera em fase de testes, economizará 40.000 viagens de caminhões movidos a diesel todos os anos.
Enquanto os navios elétricos não são uma realidade em larga escala, e não chegam por aqui, resta encontrar em nossas operações de comércio exterior todas as formas alternativas possíveis para uma menor emissão de gases prejudiciais ao efeito estufa, dentre elas, as melhores rotas para economizar tempo, recursos e emissões.